Ismael Alves – O presidente Lula (PT) nunca escondeu: quer regulamentar as redes sociais. Antes mesmo de reassumir o Palácio do Planalto, já defendia a ideia. Agora, no cargo, segue batendo na mesma tecla – sob o pretexto de combater as chamadas fake news. Mas o que realmente incomoda o governo é o desgaste causado por temas sensíveis que escapam ao seu controle e ganham força justamente nas plataformas digitais, onde a opinião pública nem sempre joga a seu favor. E isso, claro, ameaça diretamente a popularidade e a estabilidade do governo.
O discurso, incompatível com qualquer regime democrático de verdade, insiste em aparecer como solução para o que o governo chama de “desinformação”. Mas o tom autoritário reapareceu em grande estilo do outro lado do mundo: durante visita à China, a primeira-dama Janja protagonizou um momento, no mínimo, constrangedor ao se queixar diretamente ao presidente Xi Jinping de que o TikTok – rede de origem chinesa – estaria favorecendo a “extrema-direita” no Brasil.
Para a surpresa de zero pessoas, o episódio deixou ainda mais claro o real desejo: censurar opositores e limitar o alcance de quem pensa diferente. Se o objetivo fosse realmente garantir um ambiente mais seguro, a fala de Janja não estaria tão nitidamente volta da a suprimir a direita.
No fim das contas, o que se vê é um governo incomodado com a liberdade alheia. Usar o discurso de combate às fake news como pretexto para controlar o que circula nas redes é, além de autoritário, pura hipocrisia.