Ismael Alves – Em apenas 48 horas após o caso da modelo assediada em via pública em Boa Viagem, no Recife, ao ter as nádegas apalpadas por um homem que passava de bicicleta enquanto posava para fotos na orla, a capital pernambucana voltou a ganhar destaque na imprensa nacional por mais um episódio de violência contra a honra de mulheres. Desta vez, o fato envolveu vereadores do Recife como autores das ofensas em um grupo de WhatsApp da própria Câmara.
O vereador Paulo Muniz, recém-empossado presidente do PL na cidade, ofendeu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, chamando-a de “quenga”. Não apenas ela: na mesma conversa, Paulo Muniz também fez uma referência pejorativa indireta à atual primeira-dama, Janja da Silva. Além dele, a vereadora Kari Santos, do PT, entrou no diálogo de forma irônica, questionando em tom de deboche se Paulo Muniz estaria se referindo a Michelle ao usar o termo “quenga”.
Entenda o caso
A conversa ocorreu no contexto da condenação de Bolsonaro pela trama golpista. Enquanto vereadores de esquerda comemoravam no grupo a decisão do STF, Paulo Muniz escreveu: “Honesto é Lula e sua quenga”. Kari Santos respondeu: “Oxe, e ele é casado com Michelle, é?” Em seguida, Paulo Muniz retrucou: “É. Duas quengas. Tão dominando o mundo”.
O que fica evidente nesse episódio é que dois parlamentares, que deveriam prezar pela ética e servir de exemplo de conduta, demonstraram total falta de decência ao ofenderem a honra de mulheres apenas por divergências políticas.
Vereadores que deveriam lutar pela valorização das mulheres e pelo combate à violência, na realidade, contribuem para um ambiente hostil e machista dentro de um espaço virtual da própria Câmara. No mínimo, deveriam pedir desculpas às pessoas ofendidas e se envergonhar de perpetuar o machismo e a intolerância que as mulheres enfrentam diariamente. Igualmente constrangedor é o fato de uma mulher, a vereadora Kari Santos, sustentar esse ambiente desrespeitoso contra outra mulher apenas por divergência política.