Ismael Alves – Em menos de um mês, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de duas operações da Polícia Federal por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A primeira ocorreu em 18 de julho, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência e recolheu um celular e um pendrive. Houve dinheiro, incluindo US$ 14 mil, mas com origem declarada. À época, existiu especulações sobre possível conteúdo financeiro nos dispositivos, inclusive criptomoedas, mas a perícia revelou apenas fotos pessoais e músicas.
Como consequência daquela operação, Moraes impôs a Bolsonaro uso de tornozeleira eletrônica, toque de recolher das 19h às 7h, impedimento de sair aos finais de semana, proibição de uso de redes sociais e vedação para dar entrevistas públicas ou participar de eventos políticos. As medidas visavam impedir, segundo o STF, o uso de terceiros para comunicação pública e conter ações que pudessem interferir nas investigações.
Na nova ação da PF, deflagrada nesta segunda-feira (4), o celular novo de Bolsonaro foi apreendido. Desta vez, o ministro Alexandre de Moraes ordenou prisão domiciliar integral, sem direito a sair de casa em qualquer dia ou horário. O ex-presidente só poderá receber advogados e pessoas autorizadas previamente pelo STF.
Entre as novas restrições, Bolsonaro também está proibido de manter contato com os filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, bem como de fazer qualquer tipo de postagem em redes sociais ou permitir que terceiros publiquem conteúdo em seu nome.
O estopim para a nova ordem judicial foi uma foto publicada nas redes sociais de Flávio Bolsonaro, na qual o pai aparece em ligação telefônica com o deputado federal Nikolas Ferreira durante um manifesto. A imagem foi interpretada como quebra das medidas cautelares anteriores, que proibiam contato com investigados e qualquer forma de comunicação pública.