Ismael Alves – O período de afastamento parlamentar de 120 dias do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chega ao fim neste domingo, 20 de julho. Licenciado desde março por “interesses pessoais” — além de dois dias iniciais para “tratamento de saúde” — o parlamentar permanece nos Estados Unidos, onde articula pressões políticas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Durante esta semana, o Congresso encontra‑se em recesso, com retorno oficial dos trabalhos previsto apenas para 4 de agosto. Isso dá margem a burocracias antes que faltas não justificadas sejam computadas — o que poderia afetar a continuidade de seu mandato, caso ultrapasse um terço das sessões permitidas no ano.
No vídeo divulgado em março, Eduardo explicou estar nos EUA para “buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”, e afirmou estar disposto a “sacrificar o mandato” para permanecer no exterior. “Não vejo clima para retornar ao Brasil e ser preso”, declarou à CNN. Repercutindo, Jair Bolsonaro indicou que o filho provavelmente vai adquirir cidadania americana, permanecendo fora do Brasil enquanto Alexandre de Moraes mantiver poder de prisão.
Com o término da licença, o suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) segue ocupando a cadeira de forma interina desde março. Se Eduardo não manifestar formalmente a renúncia, sua volta seria automática — inclusive com retomada de salário de R$ 46,3 mil mensais — e o registro de presença voltaria a ser obrigatório.
O parlamentar já sinalizou que não pretende retornar ao Brasil. Em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou ter “a opção de não renunciar, deixar o tempo correr e perder o mandato por falta”. Já à Coluna do Estadão ele afirmou que abrirá mão do mandato, comunicando renúncia por escrito à Mesa da Câmara, o que só ganha efeito após leitura em expediente ou publicação no Diário da Casa.
Contexto político e legal
De acordo com o Regimento Interno da Câmara, licenças por “interesse particular” têm limite máximo de 120 dias, sem possibilidade de prorrogação. Após esse prazo, o retorno ao exercício das atividades é obrigatório ou o suplente assume definitivamente. Caso Eduardo permaneça ausente, poderá perder o mandato se acumular mais de um terço de faltas em sessão plenária, decisão que cabe à Mesa Diretora.
A Procuradoria‑Geral da República investiga o deputado por coação, obstrução de inquérito e atuação contra a soberania, suspeitando que ele atue nos EUA para impor sanções contra Moraes e o STF para favorecer Jair Bolsonaro, réu por suposta tentativa de golpe.