Ismael Alves – A tentativa do governo Lula (PT) de encontrar fontes de compensação para a desoneração da folha de pagamento sofreu baque nesta terça-feira (11). Os partidos União Brasil e Progressistas (PP), que integram a base do governo em ministérios expressivos, votaram ao lado da oposição e ajudaram a travar as discussões sobre novas alternativas à arrecadação que seria suprida com o fim do IOF sobre operações de crédito.
A articulação se deu durante reunião na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde o relator do projeto, senador Otto Alencar (PSD-BA), buscava avançar com um substitutivo que ainda está em construção. Na prática, a movimentação da base aliada rachada impediu a votação de qualquer proposta e escancarou o desgaste político do governo junto ao Congresso.
A proposta do governo envolve a taxação de incentivos fiscais sobre ICMS, medida considerada polêmica por diversos setores. Com a resistência encontrada, o senador Otto Alencar decidiu adiar a votação, o que empurra a decisão para a próxima semana e mantém o impasse em torno da compensação fiscal exigida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A desoneração da folha, prorrogada até 2027 por decisão do Congresso e mantida após derrubada de veto presidencial, precisa de uma compensação para ser validada. A manutenção do IOF por mais tempo era vista como uma das saídas técnicas para garantir a arrecadação, mas encontrou forte oposição, inclusive de aliados.
O movimento de hoje é mais um capítulo do crescente isolamento político do Palácio do Planalto em pautas de impacto econômico. Mesmo com o apoio formal de siglas como União e PP, a fidelidade no voto está longe de ser garantida.