Ismael Alves – O prefeito João Campos (PSB) está seguindo os mesmos passos do seu pai, o ex-governador Eduardo Campos. Em 2014, Paulo Câmara, até então um ilustre desconhecido, foi apresentado por Eduardo para sucedê-lo no Governo do Estado. Para compensar o desconhecimento de Câmara no campo político, explorou-se naquele momento a ideia de que se tratava de um “quadro técnico”.
Paulo Câmara foi eleito naquele mesmo ano em que Eduardo, meses antes das eleições, morreu em um acidente aéreo. Câmara foi novamente reeleito em 2018, mas apesar de ter vencido as duas eleições consecutivas, Paulo Câmara pouco convenceu e amargou elevados indícios de rejeição.
Por outro lado, João Campos, que foi Chefe de Gabinete de Paulo Câmara, nada tem a reclamar do amigo. E, por sinal, decidiu criar um novo ‘Paulo Câmara’, mas desta vez para o Recife chamar de seu.
A escolha de Victor Marques (PCdoB) para compor sua vice na disputa por um novo mandato, ato que ocorre na noite de hoje, tem semelhança com a história de Eduardo Campos e Paulo Câmara.
Visto como um “quadro técnico, Marques atuou ao lado de João quando ele foi chefe de gabinete de Câmara. Também foi chefe de gabinete de João durante sua passagem por Brasília, quando ocupou por dois anos o cargo de deputado federal. Victor Marques foi chefe de gabinete de João desde o início do seu mandato de prefeito até o mês de abril deste ano.
Uma vez que João Campos seja reeleito e decida concorrer ao Governo de Pernambuco nas eleições 2026, terá que renunciar ao cargo de prefeito, passando o comando da prefeitura para o vice. Caso essa possibilidade se concretize, Recife terá muito breve um “quadro técnico” implantado na cadeira de prefeito ao estilo “Paulo Câmara”, mas com uma diferença: sem passar pelo voto direto.