Ismael Alves – O PT deu com os burros n’água na pretensão de emplacar a vice na chapa encabeçada por João Campos (PSB), que buscará a reeleição como prefeito do Recife, capital pernambucana.
A expectativa do partido de Lula seria indicar o vice do socialista que tem tudo para ser candidato ao Governo de Pernambuco nas eleições de 2026, fator que o obrigará a renunciar ao cargo de prefeito, caso decida prosseguir com a pretensão. Logo, a prefeitura cairá no colo do vice.
Mas o sonho do PT foi dissipado pela decisão de João Campos, que optou pelo nome de Victor Marques, do PCdoB, que foi seu chefe de gabinete. Dentro do PT há duas frentes tentando dirimir o momento: a que finge estar satisfeita com a escolha e a que faz questão de manifestar a insatisfação diante da definição que só confirmou que para o prefeito do Recife a estrela que brilha não é a do PT.
Narrativas ornamentadas buscam amenizar os efeitos da decepção petista. Os militantes mais fiéis ao partido adotaram a justificativa de que o PT abriu mão da vice, mas a verdade é bem diferente: não restou outra alternativa ao partido. A explicação é clara: João Campos não confia no PT. E não é de hoje.
Após as eleições de 2020, antes de assumir o cargo, Campos declarou em alto e bom som a sua desconfiança acerca do partido dos trabalhadores. Em entrevista ao UOL, ele até chegou a afirmar que seu governo não teria indicação do PT. Nesse quesito ele se quebrou. A a sigla teve sim indicações para o primeiro escalão. Mas tem outro ponto da fala de João que parece que se mantém firme: a falta de confiança. “O PT tem uma dificuldade de fazer aliança; ele às vezes coloca um projeto hegemônico próprio a frente da capacidade de aliança com os demais conjuntos”, alfinetou Campos.
Naquele ano, Marília Arraes foi candidata a prefeita pelo PT, sendo derrotada por João Campos no segundo turno.
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